Juros simples x juros compostos
Nestes últimos dias, há muita discussão sobre as dívidas dos estados com a união e a forma de correção dos juros que poderia gerar um rombo para o Governo Federal e um alívio aos cofres estaduais. Afinal, o que seriam esses juros simples e compostos que tanto falam? Por que fazem muita diferença com o passar do tempo?
Os estados vivem um descontrole há muito tempo, pois gastam mais do que arrecadam. Isso sempre foi um problema de décadas, mas que se deteriorou de uma maneira espantosa depois do segundo mandado do ex-presidente Lula e, com a forte queda da atividade econômica, a ineficiência da gestão dos gastos ficou mais evidente. Com a economia mais fraca, as empresas vendem menos, pagando menos impostos e, consequentemente, gerando menos receita de tributos aos cofres municipais, estaduais e federais.
O grande problema iniciou na década de 90, quando os estados estavam necessitando de dinheiro. Encontraram, então, uma forma alternativa de se capitalizar utilizando os bancos estaduais emitindo dívidas do governo estadual. Como os governos estaduais não tinham dinheiro para honrar esses compromissos, os bancos começaram a quebrar. Para evitar um caos no sistema bancário, o governo central decidiu federalizar as dívidas. Em vez de os estados deverem para os bancos estaduais, eles passaram a dever para o Tesouro Nacional e, essa dívida cresceu exponencialmente todos esses anos. No caso do Rio Grande do Sul, a dívida inicial com a União era de 9 bilhões, foram pagos 25 bilhões e o estado ainda deve 52 bilhões
DIFERENÇA ENTRE JUROS SIMPLES E COMPOSTOS
Os juros simples são aqueles a qual são aplicados somente do saldo devedor ou do capital investido. Ou seja, os juros não crescem e são sempre iguais.
Os juros compostos são somados ao saldo devedor. Dessa forma, os juros aumentam em progressão geométrica. Essa modalidade é conhecida como juros sobre juros. O crescimento nesse caso é exponencial.
Segue exemplo de uma aplicação de R$ 10.000,00 à taxa de 10% ao ano a juros simples e composto:
Ano Juros Simples Juros Compostos
0 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00
1 R$ 11.000,00 R$ 11.000,00
2 R$ 12.000,00 R$ 12.100,00
3 R$ 13.000,00 R$ 13.310,00
4 R$ 14.000,00 R$ 14.641,00
5 R$ 15.000,00 R$ 16.105,00
6 R$ 16.000,00 R$ 17.716,00
7 R$ 17.000,00 R$ 19.487,00
8 R$ 18.000,00 R$ 21.436,00
9 R$ 19.000,00 R$ 23.579,00
10 R$ 20.000,00 R$ 25.937,00
15 R$ 25.000,00 R$ 41.772,00
20 R$ 30.000,00 R$ 67.275,00
CONCLUSÃO:
Para o poupador de recursos, o tempo é o melhor amigo, pois o patrimônio cresce geometricamente, buscando rentabilidades cada vez maiores para a aposentadoria. Por isso, a importância de sempre poupar algum capital para o futuro. Já para o endividado, a situação fica mais alarmante, já que o dinheiro a juro futuro vale muito mais do que o valor presente, virando uma bola de neve.
A questão dos estados é muito mais complexa do que parece, pois uma mudança dos juros daria um impacto muito grande nas receitas da união de mais de 300 bilhões. Com certeza, sobrariam mais recursos para os estados investirem, porém, o mais fundamental seria um cumprimento à lei de responsabilidade fiscal, para evitar que altos endividamentos dos estados ocorram como aconteceu nos anos 90.
Felipe Fontana
Graduado em Ciências Contábeis pela URI Santo Ângelo
Especialista em Finanças e Mercado de Capitais pela UNIJUÍ
Agente Autônomo de Investimentos credenciado pela CVM
Membro da Associação Nacional das Corretoras de Valores (ANCORD)
Sócio fundador da Experatto Investimentos
2º Tesoureiro da ACISA